segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Amazon Distance - Manaus - 03/11/2007


Nessa prova tive o prazer de conhecer, e pedalar, ao lado de um dos maiores ultraciclistas do Brasil, se não for o maior - Claudio Clarindo

CHEGADA EM MANAUS:
Descendo do avião, ja se tem uma ideia da temperatura dessa cidade, um amigo meu me pegou no aeroporto e seguimos pra pizzaria, olhei no relogio do celular, marcava 17:00, como sao 2 horas a menos, eram 15:00, dava pra comer a pizza e ainda ir pro jantar de massas oferecido pela organização. Quando termino a pizza percebo como a tecnologia hoje esta avançada, o celular automaticamente atualizou o horario, entao eu sai as 18:00 (nao as 16:00) da pizzaria direto pro jantar de massas.

DIA DA PROVA:
Como eu ja esperava, sem despertador, por volta de 4 da manha eu acordei, maldito fuso horario, isso equivale as 6 da manha em Brasilia, horario que um atleta de alto desempenho costuma acordar. 6:30 o pessoal da equipe me pegou e seguimos em direção a largada... preparação das bikes, arrumaçao das tendas, 7:15 o termometro ja marcava 31º e uma constatação... lembrei que na semana anterior, ficamos todos deslumbrados com o nivel DAS ciclistas (feminino) fazendo o desafio de Campos, chegando em Manaus, fiquei deslumbrado com o nivel DAS ciclistas da região, pude então concluir que não são apenas as feias que gostam de pedalar, isso só acontace em Brasilia, espero confirmar minha teoria em Fortaleza.
80 atletas prontos pra prova, entre eles o bi-campeão das 24 horas de Fortaleza e primeiro brasileiro a fazer o RAAM, Claudio Clarindo, figura super simpática. Altimetria praticamente plana, apenas 1 subida na metade da volta de uns 500 metros, tudo conspirava pra ser mais uma prova tranquila (ai que me enganei). Me preparei psicológicamente pra fazer 22 das 24 horas debaixo de chuva, afinal, novembro é o inicio da estação chuvosa em Manaus, e, quando não é época de chuva, ja chove muito por la. Mas como me blindei das pragas do Zezinho.. as 24 horas da prova foram sem uma unica nuvem no céu.
8:40 foi feita uma volta de apresentação pra GROBO filmar (Galvão filma eu) e finalmente as 9 em ponto com uma agradavel temperatura de 33º foi dada a largada. Comecei minhas voltas e minha equipe pisou na bola feio, passei 4 voltas sem receber agua, o que fez meu tempo de volta despencar de 16 pra 22 minutos e iniciar uma desidratação dificil de reverter naquele calor. Após minha reclamação, toda volta tinha um apoio, trocando a garrafa de agua e gatorade, recebia power gel, frutas, ate banho eu recebia a cada volta, serviço de primeiro mundo.... nunca imaginei que seria tão confortavel pedalar com um saco de gelo nas costas, tambem nunca imaginei que em menos de 6 minutos todo o gelo ja estaria derretido.
A primeira etapa da minha estrategia foi bem cumprida, foram 5 horas initerruptas com media de 26,5 km/h, foi entao que fiz meu primeiro pit stop de 20 minutos (14:00), no meu retorno a pista comecei a sentir um forte desconforto, estava desidratado, fiz mais 3 ou 4 voltas parando a cada volta, meu estomago tava totalmente estufado de tanto liquido que eu ingeria, mas cheguei a conclusão que não conseguia absorver o liquido na mesma velocidade que perdia... fiquei muito mal... naquele momento eu me perguntava o que eu estava fazendo ali..... se alguem tivesse oferecido R$ 100,00 na minha bike eu teria vendido... fiquei groge, andava cambaleando mais que bebado, pensei em passar o resto da vida fazendo PNDF, que não tinha nascido pra tanto sofrimento, que aquilo não era vida... me senti o próprio Vinicius quando surtou na subida de Alto Paraiso, naquele momento havia abandonado a prova. Nem a agradavel temperatura de 36º me animava a voltar, estava absolutamente sem condições.
Depois de 5 horas parado, ingerindo muito liquido, boletim parcial me colocando na penultima colocação, almocei (ou jantei?) uma macarronada, conversei com um santista (acredito que da equipe do Clarindo) ele me incentivou a voltar, ate falei que a cabeça ainda tava explodindo, mas ele mandou a mulher pegar um tilenol e praticamente me obrigou a voltar, renasci naquele momento, ja era por volta de 8:30 da noite, a temperatura desabou pra 28º, fiz a primeira volta e me senti tão bem, parecia que eu era um velhinho que andava desgostoso da vida, logo após tomar o primeiro viagra, comecei a baixar tempo, cheguei a fazer algumas voltas na casa dos 13 minutos (lembre que minha melhor volta era 16:04) percebi que muita gente tava quebrada, a cada 3 voltas eu conseguia tirar 1 dos concorrentes direto, a partir desse ponto, meu organismo voltou a funcionar, tomava de 1,7 a 2 llitros por hora e fazia xixi tambem a cada hora (minha primeira urinada foi depois de 8 horas de prova, quando ja tinha "abandonado") mantive esse ritmo por 4 horas, fiz mais um pit stop de 30 minutos e voltei pra pista. Ja passava de 1 da manha e tinha muita gente quebrada, até o Clarindo me falou que tava sentindo o desgaste do RAAM, mas que o objetivo dele era Fortaleza (eu ja acredito que foi o clima que lascou o cara tambem). Com pouca gente na pista, mantive minha corrida de recuperação, o ritmo obviamente caiu bastante, mas os 26º da madrugada ajudava.
De 2 as 4 da manha, eu fazia 2 voltas e dava uma parada, olhava nos boxes a quantidade impressionante de ciclistas desmaiados, dormindo em qualquer lugar, aproveitava também pra monitorar as parciais, a das 4 da manha ja me colocava em 9º no geral, 6 voltas atras do 8º, que estava parado desde as 10 da noite, consegui dar mais 3 voltas, só que a prova começou a ficar meio "sinistra", a guarda municipal abandonou o local da prova sem qualquer justificativa, contavamos tambem com poucos PMs, (insuficiente pra garantir a segurança sozinhos), vi alguns bebados invadindo a area da prova, um retardado resolveu brincar de slalon nos cones e capotou o carro, as pessoas queriam fazer retorno onde estava fechado e paravam o carro atravessado na faixa da prova, uns idiotas de carro deram um tapa num ciclista que quase caiu... a consequencia desse abandono da guarda municipal foi que, em comum acordo com os chefes de equipe, a prova foi encerrada as 5:30 da manha, apos 20,5 horas de competição por falta de segurança.
Eu concordei com o encerramento, óbvio... mas 3 voltas a mais (1 hora de prova) eu arrancava aquele 8º lugar, ficando atras de ninguem menos que Claudio Clarindo (7º colocado), um resultado nada desprezivel pra quem foi quase crucificado vespera da prova de Campos, quando se falou que eu fazia essas provas apenas pra passear. Ainda aguardo o resultado oficial, mas se não me engano fechei 39 ou 40 voltas, que totaliza entre 370,5 a 380 km.
Apenas pra constar, enquanto desmontavamos tudo, 6:30 da manha, o relogio ja marcava 31º

VOANDO GOL:
Como qualquer ciclista, eu odeio a Gol pela tarifa que cobra pra transportar bicicletas, mas de posse do recibo da taxa paga na ida, quando no check in me informaram da cobrança, falei que ja sabia e que ja havia pago, COLOU!!!!!!! economia de R$ 100,00 nunca é de se desprezar.

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